Escrito em 1929, Kanikosen – O Navio dos Homens voltou surpreendentemente
às listas dos best-sellers em 2008, ano em que a grave crise financeira disparou
no Japão e o jornal Mainichi Shimbun publicou
um artigo sobre este romance. Mais de 80 anos após a sua publicação original, Kanikosen apareceu em 2010 pela primeira
vez publicado em português via Clube do Autor.
Takiji Kobayashi (1903-1933), comunista, morreu
com apenas 33 anos, vítima de tortura por parte das autoridades nipónicas. O motivo
pelo sucedido prendeu-se com o carácter subversivo da sua escrita e a
colaboração clandestina com o Partido Comunista Japonês. As autoridades
tentaram maquilhar e ocultar a verdadeira causa de morte de Kobayashi, invocando
então deficiência cardíaca.
Sem ter publicado muitos livros,
Kobayashi escreve em Kanikosen – O Navio
dos Homens sobre as horríveis condições de trabalho dos funcionários do
barco-fábrica Hakko Maru nas gélidas águas de Kamchatka, na costa russa, e,
claro, as diferenças entre a classe do patronato e a do proletariado. A
tripulação é constituída essencialmente por camponeses pobres e estudantes
universitários que eram levados a assinar contratos de trabalho falsos e muito
aquém da remuneração que os mesmos prometiam. Para piorar a situação, estes pobres
pescadores viviam em condições miseráveis, sem qualquer tipo de conforto,
higiene ou alimentação decente, e uma boa parte deles acaba por sucumbir à
morte. A certo ponto, começam a circular entre estes pobres coitados ideais de
revolta e revolução contra o capitão e o patrão, como naturalmente o leitor
pode imaginar. Em termos de conceito e originalidade, Kanikosen – O Navio dos Homens navega por águas bem conhecidas e
clássicas.
Kanikosen – O Navio dos Homens é agradável , curto e a sua estória
é extremamente acessível a todos aqueles que queiram comparar as condições de
trabalho de muitas pessoas há 100 anos atrás e constatar que as coisas não
mudaram assim tanto.