domingo, 27 de maio de 2012

Roberto Bolaño «Estrela Distante»


Não tendo ficado completamente satisfeito com o último capítulo da enciclopédia de autores nazis americanos, A Literatura Nazi nas Américas, Roberto Bolaño expandiu um pouco a estória de Alberto Ruiz-Tagle, o aviador e poeta chileno.

A narrativa passa-se por volta de 1973, altura em que o ditador Augusto Pinochet tomou o governo chileno para substituir Salvador Allende, e é-nos contada por um indivíduo que conviveu com as mudanças sociais e políticas de um Chile em convulsão, Arturo Belano (quiçá um alter-ego do próprio Bolaño). Alberto Ruiz-Tagle apresenta-se como um charmoso, talentoso e enigmático poeta ligado à cultura germânica, dono de um atelier de arte onde convivem as gémeas Garmendia, Arturo e outros amigos que são referenciados ao longo da novela. Alberto torna-se mais tarde também ele num aviador artístico ligado ao regime fascista, acabando no entanto por ir viver para a Europa.

Desenhado com um carregado traço policial, a atmosfera desta obra é sinistra e as personagens revelam-se progressivamente complexas e frias, assim como a descrição dos ambientes onde a acção tem lugar. Apesar destes fortes argumentos, Estrela Distante desenvolve-se, como o próprio nome indica, de forma muito distante do leitor, faltando-lhe elementos de interesse que joguem a seu favor, que cativem o leitor como 2666 o consegue fazer.

Uma obra de interesse relativo para quem, como eu, pretende ler e completar uma trilogia bem trabalhada – disso não há dúvidas -, mas longe de ser interessante e indispensável.

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