quarta-feira, 18 de abril de 2012

Rise and Fall «Faith»


Desconhecida do panorama mundial do hardcore e metal, a cidade de Ghent ofereceu nos últimos anos motivos de sobra para que a coloquem em destaque no mapa. Os Oathbreaker, que editaram muito recentemente o seu primeiro longa duração Mælstrøm, e, claro, os Rise and Fall, que já cá andam há uma década, que editaram muito provavelmente agora em Março o seu melhor álbum, Faith.  

Radicados no hardcore moderno, os belgas não praticam uma sonoridade que possa ser catalogada sucintamente como hardcore punk, pois há aqui uma dose forte de crustcore/d-beat e um groove que remete para os suecos Entombed e Disfear. Referências à parte, o grupo não se cinge a estas referências e explora uma sonoridade suja, sombria e muito sui generis, baseada em riffs ora crus, uma voz atroz muito bem berrada guiada por um baixo e uma bateria com a pujança de uns Trap Them. Gravado por Kurt Ballou (Converge) no seu God Studios, Faith é uma espécie de combinado especial dos três discos anteriores num patamar de maturidade superior e com uma boa ascensão técnica e criativa.

A Hammer and Nails, a primeira faixa do disco, é apenas um empurrão para o ritmo desenfreado e raivoso de Deceiver que, em apenas dois minutos resume muito da essência deste disco: canções objectivas geralmente com a galopada em alta na bateria de Wim, riffs crus, bem trabalhados e simples, ainda que por vezes a melodia marque sua a presença – mais notória nas faixas Burning at Both Ends e Things Are Different Now. Não seriam nunca na vida uma banda tradicional de hardcore se gravassem uma Breathe e muitos menos com a variação rítmica e progressiva da última canção Faith/Fate.

No geral, Faith é um disco de alta qualidade, de boa variação – ainda que obediente às raízes hardcore do grupo -, com os seus momentos mais negros e arrastados, ainda que o ritmo forte seja uma costela importante neste corpo belga. O dedo de Kurt Ballou é tão evidente que para quem conhece bem os seus trabalhos, e especialmente a produção de Converge, este disco vai ter algo de familiar.

8/10

Sem comentários:

Enviar um comentário