quarta-feira, 18 de abril de 2012

«Em Paris»


Os dias de Inverno fustigados pela chuva e pela neve na cidade de Paris não tiram beleza à cidade do amor, bem pelo contrário. A cidade responsável pelo lendário Maio de 68 e todo o período de prosperidade artística e renovação cultural é palco de mais uma homenagem cinematográfica, desta feita pelo jovem realizador Christophe Honoré.

Depois de ter acabado a relação com Anne (Joana Preiss), Paul (Romain Duris) entre numa depressão profunda e regressa a Paris para viver com o seu pai e o seu irmão Jonathan (Louis Garrel). Guy Marchand, que interpreta o papel do pai, é um homem na casa dos 60/70 anos divorciado de Alice (Alice Butaud) e a âncora de uma família que ainda não recuperou da morte de uma filha. Enquanto Paul passa os dias em casa embrulhado em pensamentos tristes, a relembrar o passado a dois com a ex-namorada, Jonathan sai de casa com frequência e conquista o coração de várias mulheres nas ruas geladas de Paris, nos parques junto ao Sena.

Honoré capta bem a espontaneidade que os franceses têm no seu dia-a-dia, quer na rua, quer numa conversa casual em casa, sempre descontraídos e, mesmo quando se zangam, conseguem manter sempre aquela postura séria, ainda que leve. A narrativa centra-se em torno do pai e filhos, ainda que mais nos filhos e o amor que ambos sentem um pelo outro, na capacidade de despertar o amor fraterno e de união nos momentos mais difíceis, sem esquecer o grande desempenho de Preiss nas recordações de Paul enquanto casal. Este não é um filme linear e, ao mesmo tempo, também não é demasiado invulgar; não é um filme alegre, mas não o é triste, tampouco: é um tipo de filme que roça o drama e o romance, com boas doses de sensualidade e bom desempenho por parte de todos os actores, incidindo no espírito e capacidade mágica de “curar” os males que Paris tem.

Não sendo o melhor filme de Romain Duris – e o mesmo se aplica a Louis Garrel -, porque o seu melhor papel ainda é para o Thomas de De Tanto Bater o Meu Coração Parou, o conceituado actor acaba mesmo por deixar Garrel brilhar, ou pelo menos, dar um toque de alegria ao filme. O mesmo Garrel que no início da película avisa que não é um herói, mas um mero narrador. 

Título original: Dans Paris
Argumento: Christophe Honoré
Realização: Christophe Honoré 

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