quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

EAK «Muzeak»


Ratazanas, pombos, Clint Eastwood, John Marston, rock ‘n’ roll, amor, sexo e alguns impropérios fazem parte do imaginário deste conjunto de São João da Madeira. Formados no longínquo ano de 2001, os cinco rapazes tiveram a ideia de se darem a conhecer ao underground como Extraterrestial Alternative Knowledge, adoptando depois a sigla EAK – que soa melhor, estética e foneticamente.

Na bagagem contam já com 3 Giant Steps, Musclecore, Bipolar (um split com os vila condenses Crushing Sun) e claro, este Muzeak, um dos melhores trabalhos do ano passado a nível nacional e além fronteiras. Lançado pela Major Label Industries, esta bomba musculada assenta no musclecore, termo que os membros do grupo utilizam para definir um som que agora, mais que nunca, se afastou do death metal e hardcore – não, nunca tiveram nem têm nada a ver com o deathcore; de facto, o EP com os Crushing Sun já denotava um retiro do som caótico dos Converge, Burnt by the Sun, Botch, Coalesce e outros do género nos temas White Rose e Flap’ em, ainda que a porrada sonora de Son of World evidenciasse um notório gosto pelo som mais extremo.

Muzeak apresenta uns EAK mais maduros e vincadamente mais rockeiros, distanciando-se na íntegra do hardcore dos velhos tempos, dando espaço ao rock mais arrastado com algumas influências do stoner/southern metal; o único aspecto do género popularizado pelos Black Flag é mesmo o verso «This song is for our loved ones / Our families / This came straight from our hearts / We love you» que se escuta no tema Always Remember e um ou outro apontamento mais Everytime I Die. Do You Feel Lucky abre as hostes com um baixo absolutamente monstruoso e um Paulo (vocalista) muito mais evoluído na hora de puxar pelos pulmões e expirar sentimentos, sempre bem acompanhado por duas guitarras que tocam simples e certinho, guiadas pelos pés - agora mais leves - de Ricardo (baterista). A toada lenta continua com Down the Well e Always Remember (de salientar o positivismo das letras, algo que costuma ficar sempre para segundo plano), interrompida pelos berros cuspidos de A Glass of Sand, regressando à sujidade de Black Rose (presumivelmente a sequela de White Rose).

Sunday Afternoon Freakshow Cabaret, You Pay You Play e a vernacular, vergonhosa, imoral e tão brutal Hand Solo Debut recordam o blast beating desenfreado dos saudosos tempos de Gunpowder Mill, 43, 3 Great Giant Steps. Muito, mas mesmo muito, musclecore cheiinho de belos riffs estridentes e dinâmicos. When You Came (I Was Already Gone assenta na toada mais geral e homogénea de um disco que termina de forma formidável e tão pertinente com o amor de Make Up Sex.

Ainda que, pessoalmente, prefira o motor rouco e barulhento da sonoridade antiga, as componentes rockeiras deste trabalho soam bem, num estilo original e pesado de onde há ainda a destacar o passo gigante de Paulo Santos na voz e, claro, a óptima produção.   
8.5/10

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