segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Irons / Pulling Teeth «Grey Savior»


Bons músicos não se limitam a fazer apenas uma coisa: os que são verdadeiramente excepcionais gostam de descobrir novos territórios e ao mesmo tempo transcender-se através de diferentes sonoridades. Posto isto, estes Irons resultam da queda de preconceitos e ousadia por parte de Jacob Bannon (o mentor dos Converge), Dwid Hellion (Integrity) e Stephen Kasner (reconhecido artista gráfico e músico multi-instrumentalista), que juntos, formaram um dos conceitos musicais mais interessantes e misteriosos dos últimos anos.

Tal como os três músicos enunciados no parágrafo de cima, os Pulling Teeth têm também as suas raízes no hardcore punk caótico e nalgum crossover sujo, do qual resultou o seu álbum de estreia Vicious Skin, seguido por Martyr Immortal, um disco que conferiu à banda um burburinho merecido, especialmente pela sua última faixa intitulada Dismissed in Time. O disco é composto por quatro temas interpretados pelos Irons e dois da autoria dos Pulling Teeth, sendo que um deles (o já referido Dismissed in Time) é uma remistura levada a cabo por Jacob Bannon, que lhe acrescentou um minuto extra e um brilho extra, graças à dose de folk e “factor épico” que os violinos ficaram a ganhar – Bannon faz questão de contribuir fortemente para que não seja apenas mais uma remistura; Generals of Dark Hymns assenta num híbrido de sons que lembram um pouco o percurso da artista Jarboe, os últimos trabalhos de Sunn O))), apimentados com alguns riffs melódicos, vozes secundárias raivosas a puxar para o Nothing Positive, Only Negative dos Facedowinshit, teclados introspectivos e um clímax sensacionalmente distorcido. 

A música dos Irons é feita a partir da electronica invulgarmente étnica que se enquadra algures entre o post-rock e a poesia futurístico-apocalíptica, onde uma textura suave e onírica empurra uma brisa que sussurra frases e ecos ríspidos. Letting Go é a grande excepção desta regra, pois, graças à sua melodia, fica distante do sentimento de sufoco que ocorre em determinados momentos dos três restantes temas, muito em particular de Sky Funeral, faixa que faz uma boa transição entre o fim de Irons e o princípio de Pulling Teeth. Fica no ar a ideia de que Bannon recupera um pouquinho do seu já extinto projecto Supermachiner, refira-se.

Grey Savior é um disco agradável e com grandes momentos de experimentalismo por parte das duas bandas, ainda que seja uma pena que não haja mais que um tema original e um remisturado por parte dos Pulling Teeth. Mesmo assim, e apesar de trazer ao de cima um aroma dos Swans, este é um disco extremamente recomendado para quem quer descobrir o “outro lado” de Jacob Bannon e a criatividade de outros grandes músicos que fizeram com que este vinyl/download digital visse a luz do dia. 

8/10

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