domingo, 5 de junho de 2011

«Suspiria»


Dario Argento é um dos mais conhecidos cineastas da geração italiana dos filmes de terror/fantástico, também conhecidos por “gialli”, caracterizados pela mistura do erótico com o misterioso, terror psicológico e “gore”, também. Para além deste Suspiria, Dario Argento é também conhecido por ter concebido Terror na Ópera, Inferno, Tenebre e por ter escrito parte do clássico western Aconteceu no Oeste.

O filme retrata a vinda de uma aluna norte-americana, Suzy Bannion (Jessica Harper), para uma academia de dança de Friburgo, Alemanha. Esta misteriosa academia tornar-se-á num palco de estranhos assassinatos que não se poderão socorrer na lógica, mas sim no sobrenatural, no misterioso pacto de bruxas liderado por Madame Blanc (Joan Bennett) e por Miss Tanner (Alida Valli). Não são as mortes das alunas nem do pianista que dão propriamente alma a esta película, mas sim o som e a técnica apurada de Argento na idealização e captação do muito vermelho da escuridão da mansão.

A estória, como se pode verificar, é do mais banal que existe, os sons e os cenários, esses, são do mais elegante e assustador que vi num filme, conferindo-lhe intimidação, arrepios e muito suspense. Os Goblins (ou The Goblins), banda italiana que se caracteriza por misturar o rock progressivo com batidas sinfónicas, assistem em todo o seu grande esplendor o ambiente de contemplação que a mansão e as mortes oferecem ao espectador, um pouco à semelhança daquele ambiente psicótico de Shining, lançado três anos mais tarde. A mansão apresenta-se numa decoração que incide no vermelho, como já mencionado atrás, numa arquitectura deco/surrealista com escadarias, quartos, espelhos e restantes compartimentos que dão um toque operático ao cenário, remetendo automaticamente para o misterioso e o fantástico. Os diálogos são medianos e as cenas filmadas no exterior da academia são meramente decorativas, com excepção da chegada de Suzy ao aeroporto e à mansão sob uma forte chuva e ventania.

Suspiria é uma obra de grande portento visual e sonoro e um pilar do cinema italiano e do terror dos anos 70, perfilando-se ainda hoje como uma referência do cinema. A sua visualização só faz sentido se a sala estiver escura e se “home theater” proporcionar som dolby surround for de grande qualidade.

Realização: Dario Argento
Argumento: Dario Argento, Daria Nicolodi
Produção: Seda Spettacoli

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