domingo, 26 de junho de 2011

«Adventureland»


O título é bem capaz de nos levar a pensar num filme de animação da Disney ou algo assim do género, a capa pode iludir-nos com mais uma comédia de indivíduos de 30 anos que se fazem passar por adolescentes de 16 que tentam desesperadamente perder a virgindade. Mas não, este filme não tem nada a ver com as duas suposições atrás referidas.

Adventureland passa-se no Verão do saudoso ano de 1987 (aquele em que os Whitesnake editaram aquela pérola com o nome homónimo) num parque de diversão onde vários jovens trabalham e desenvolvem grandes relações de amizade. Greg Mottola, que também realizou Super Baldas, arranjou um elenco de jovens actores com grande potencial e com eles conseguiu criar personagens capazes de estabelecer uma grande empatia com o espectador, não obstante termos aqui uma estrela do cinema hiper mainstream. Kristen Stewart, famosa pela sua participação na saga infantil/juvenil Twilight, dá-nos provas de que nem todo o actor de Hollywood se limita a fazer filmes em vez de Cinema – aliás, ela já tinha mostrado que era boa actriz em O Lado Selvagem.

James Brennan (Jesse Eisenberg) terminou o liceu e ambiciona passar férias na Europa para depois entrar numa prestigiada universidade de Nova Iorque. No entanto, e para grande desilusão, os seus pais não têm como financiar a viagem ou os estudos, obrigando a que o filho encontre um emprego para ajudar com as despesas que uma universidade acarreta. O desejado emprego revela-se uma segunda casa para James: Parque Adventureland; nesta zona recreativa encontram-se a trabalhar, entre outros, Em Lewin (Kristen Stewart) e Joel (Martin Starr). Ninguém gosta propriamente de trabalhar no parque, mas Adventureland tem algo que os aproxima a todos, algo que os torna numa segunda família capaz de discutir e superar as amarguras da vida. Esta segunda casa alberga grandes momentos e representações dramáticas alternadas com alguns momentos de bom humor.

O que mais sobressai em Adventureland é a escolha por não se focar nos estereótipos e modas da década de 80 e fazer disso alvo de chacota, como vemos variadíssimas vezes nos cinemas. A realização soube recriar na íntegra aquela década e todo o movimento social e musical sem perder tempo com explorações fúteis de humor balofo. O essencial deste filme recai na seriedade da nostalgia e do drama, e naqueles momentos que despertam o amor entre James e Em. Mottola apostou (e bem) em não se alongar muito na relação familiar de Em, mostrando-nos apenas o dinheiro que abunda na casa dos Lewin não compra a felicidade. 

Adventureland é um drama sensível e inteligente que se afasta dos clichés habituais do pobre cinema da actualidade (“cinema” com letra muito pequenina, por favor) quando este decide invadir e ridicularizar um espaço temporal do passado (saudoso). Senhoras e senhoras, uma ovação para o trabalho do realizador e actores, por favor.

Realização: Greg Mottola
Argumento: Greg Mottola
Produção: Miramax Films, Sidney Kimmel Entertainment, This Is That Productions

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