domingo, 17 de abril de 2011

Walls of Jericho «The American Dream»


Cheguei a questionar-me sobre o futuro da banda após a gravação do EP Redemption e das suas cinco baladas, para além do facto de ter ser sido um registo produzido por Corey Taylor. A grande questão era se a direcção musical da banda iria apostar numa toada mais ao jeito de Evanescence com hardcore relegado para segundo plano, em tons de camuflagem.

A resposta chegou uns meses mais tarde, ainda no mesmo ano (2008), com este The American Dream. O longa-duração anterior With Devils Amongst Us All já se distanciava dos trabalhos mais hardcore da banda e aproximava-se mais de um som mais metálico, vincadamente mais thrash metal e com muito groove. A banda voltou a pegar nesse aspecto e a trabalhá-lo ainda mais, apostando mais no referido thrash metal e misturando-o com as suas raízes hardcore punk, tal como muitos grupos na actualidade vão fazendo (Bury Your Dead, Throwdown, Municipal Waste, Hatebreed) e outros no passado já fizeram – Suicidal Tendencies serão sempre a grande referência do crossover.

O disco está recheado de temas fortes e bastante intensos, com bons pormenores musicais; no entanto, é notório que a aposta vincadamente mais metal retira parte da alma da banda e do seu habitat natural. Os “riffs” que as guitarras debitam repartem-se em momentos excelentes de grande fulgor (The Prey, Famous Last Words), bem ao estilo da Bay Area, e em momentos de redundância que quebram demasiado o ritmo, caindo com alguma frequência num vazio de “breakdowns” (Feeding Frenzy, The Hunter). As letras do álbum revelam-se interventivas e abordam as habituais temáticas da perseverança, luta até ao fim e esperança. Nada de novo ou inovador neste departamento, portanto, e é isto mesmo que se espera ouvir num disco de hardcore.

O disco não tem necessariamente músicas más, bem pelo contrário, todas elas são interessantes a nível geral, porém o tema A Long Walk Home perde muito em comparação com os restantes e poderia muito bem ter ficado de fora do disco. No entanto, e isto é um dos pontos claramente negativos do registo, há uma notória ausência de coros, melodia e aquele “sing-along” contagiante de Revival Never Goes out of Style que os Walls of Jericho sempre souberam dominar com mestria e uma identidade muito própria.

The American Dream marcou uma clara aposta numa aproximação demasiado perigosa ao thrash metal, aposta essa que lhes custou uma perda algo significativa de identidade e de elo de ligação com o passado. A produção é outro dos aspectos que deixa a desejar, nomeadamente ao nível de guitarras e voz. Não houve colagem a Evanescence, mas houve demasiado peso e distorção para uma banda que vive claramente da boa música hardcore a que nos habituou.

6.5/10

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