sábado, 5 de março de 2011

The Datsuns «The Datsuns»


Por vezes a melhor coisa que se pode fazer para encontrar algo é, não procurar. Sei bem que é uma contradição, mas a relação minha relação com os The Datsuns surgiu dessa forma. Enquanto todos estavam à procura da “next big thing” do rock, bajulando os Coldplay, beijando com afinco as mãos dos Audioslave (saiu Zack de la Rocha e entrou Chris Cornell) e acampando à porta da mansão de Axl Rose para ver quando é que a dita democracia chinesa saía do banho-maria, eu sentei-me no sofá, liguei a TV e dei de caras com In Love.

A Nova Zelândia é famosa pela bela paisagem natural - e pelos filmes que por lá se vão gravando, nomeadamente O Senhor dos Anéis -, por Russel Crowe e pelos All Blacks. No entanto, no ano de 2002 passou a ser famosa pelo rock ‘n’ roll dos The Datsuns. Com o álbum de estreia homónimo, o quarteto neo-zelandês assinou um sério pacto com o revivalismo da vertente mais hard do rock dos anos 70: Led Zeppelin, Thin Lizzy, AC/DC, MC5, entre outras importantes entidades. Depois de inserido o vinyl no respectivo gira-discos (o formato CD acaba por retirar parte da satisfação retro), o som encorpado e melódico de Sittin’ Pretty obriga a acenar com a cabeça em movimentos ora descendentes, ora ascendentes, causados pela grande guitarrada que aqui se escuta. 

Próxima paragem – e não vamos falar delas todas – dá-se na estação de MF From Hell, sendo que “MF” significa mesmo aquela palavra obscena que dá pelo nome de “motherfucker”, e o refrão é o seguinte: “She made me feel like a motherfucker from hell / Yeah, like a motherfucker from hell”; por aqui podemos chegar rapidamente a duas premissas. Premissa a): a linguagem presente em The Datsuns é algo insurrecta, ainda que não caia no ridículo explícito das letras que Fred Durst compõe; premissa b): o disco fala de amor de princípio ao fim, ou pelo menos de uma grande admiração pelo sexo feminino. Conclusão da fórmula: premissa a) + premissa b) = típica letra rock ‘n’ roll calça boca-de-sino, cabelo comprido com risco ao lado, bigode e patilha comprida.

Harmonic Generator é aquela canção mais calminha, casual, que muitos dos discos de rock têm e que retiram um pouco da adrenalina, sem necessariamente baixar o interesse álbum. In Love, já referida anteriormente, é o single perfeito para este registo. Tem uns riffs melódicos (um teclado Deep Purple também se parece ouvir aqui) simplistas, tem um vocalista com uma voz e uma atitude (literalmente) gritantes e aquela palavra “love” sempre presente [sem recorrer à premissa a)] na letra. In Love é uma canção muito bem feita, muito orelhuda e muito viciante. Tal como todo o resto do disco.

Tive a sorte de me encontrar sentado no sofá e de esta jovem banda ter vindo ter ao meu encontro, sem que me tenha dado ao trabalho de andar a ler o Blitz e revistas ou a passar muitas horas em frente ao ecrã ou rádio à espera de que anunciassem mais um projecto sem argumentos, na veia de, por exemplo, Velvet Revolver. The Datsuns revela-se um disco enérgico e os (The) Datsuns são a prova viva de que é possível regressar ao passado sem comprometer o futuro.

8.5/10

8 comentários:

  1. muito bom... vi-os aí há uns 2 ou 3 anos no Santiago Alquimista e foi um bom concerto! Acho que eles fazem parte daquele grupo do "Renascimento" do rock and roll, bebem um bocadinho aqui e ali e fica-se saciado!
    (O Fred Durst coitadinho tenta ser um senhor rapazolas ainda, lol, fui ver o concerto deles como prenda do meu irmão para ser uma noite nostálgica, revelou-se isso e nada mais)

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  2. Fica-se bem saciado :) Eu nem que me pagassem o bilhete ia ver Limp Bizkit hehe

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  3. digo-te que foi nostálgico.
    e o público era uma mistura de gente que não lembra ao diabo.

    thumbs up para o último post

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  4. Imagino que tenha sido nostálgico hehe Eu simplesmente não tenho vontade de relembrar a banda :D

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  5. okay okay, mas olha que já estás à demasiado tempo a "falar" deles ahahah

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  6. bem melhor esse concerto!!! acho que foi em 2009... e o espaço é muita louco! não foste?

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  7. Não, infelizmente não. Espero que venham ao norte em breve

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