domingo, 27 de fevereiro de 2011

Stone Temple Pilots «Stone Temple Pilots»


Depois de, em 2008, a banda ter anunciado o regresso ao activo, as espectativas para um regresso categórico dos Stone Temple Pilots eram altas, há que admitir. Uma banda que nos oferece um Core, um Purple, umas Dead & Bloated, Creep, Vasoline - entre tantas outras -, acaba por criar uma relação de grande empatia com o ouvinte, há que admitir também.

O colectivo californiano liderado por Scott Weiland teve os seus momentos mais altos da carreira quando tocava (ou pelo menos era associado) ao fugaz movimento grunge, como todos sabemos. O impacto que Core teve no mercado discográfico foi enorme, (oito vezes disco platina) talvez porque apareceram no momento certo, talvez porque o disco era, de facto, muito bom, talvez por causa das duas hipóteses. Continuo a acreditar que, apesar da associação ao grunge, os Stone Temple Pilots sempre foram bem mais uma banda de rock ‘n’ roll com boas melodias pop… e nunca foram aquele grupo que sistematicamente se vestia com jeans rotos e camisas de flanela, pois as indumentárias preferidas recaíam no retro e num visual bem “limpo”, passe-se a expressão.

Em 2002, o grupo cessou actividades porque a situação que a banda vivia era insustentável: abuso contínuo de drogas pesadas, violência e trocas de acusações entre os membros da banda e baixo número de vendas apresentado por Shangri-La Dee Da conduziram ao fim precoce – mas que todos esperavam – do grupo. Após o fim, Scott Weiland passa a integrar os Velvet Revolver, um daqueles super grupos super chatos, até que Weiland anuncia, em 2008, o regresso dos Stone Temple Pilots. Em 2010, sai o homónimo da banda, Stone Temple Pilots. Este disco, supostamente, assinalaria o regresso em grande daquela banda que dominou durante uma década os tops e, pelo que a própria banda professava, o registo seria um rock ‘n’ roll pesado “à la” Core. Trocando por miúdos, era a parte dois do seu “debut”.

Contudo, ao fim de várias audições do disco, nota-se nada mais, nada menos que as melodias e ritmos que parecem pertencer a um disco de lado-B com um “rehash” forçado de linhas que caracterizaram o som original da banda. Between the Lines, o single de apresentação revela-se uma canção aceitável composta por guitarras rock e por aquela voz pop característica dum grande vocalista que Scott Weiland é, de facto. Até aqui, tudo bem, estão aqui muitas estruturas que se ouviram em Shangri La-Dee Da. Como é habitual, as bandas pegam no disco e acabam por escolher sempre para single as canções mais orelhudas e mais suaves, como é o caso desta Between the Lines, além de que esta banda sempre teve temas com boa propensão a passarem nas rádios e na MTV – apesar de não ser adepto disso, não tenho muita aversão a isso, sinceramente; os Radiohead e Nirvana são/foram uma dessas bandas. Então onde reside o problema deste álbum? A resposta é simples: Between the Lines dos temas mais pesados que vai encontrar neste álbum. Infelizmente, só Fast As I Can mantém o ritmo acelerado do single, pois os temas que lhe sucedem roçam quase todos o pop rock extremamente polido, optando pela estrutura demasiado simplista e repetitiva verso/refrão/”bridge”, embora o recurso a um pouco do country de  Bob Dylan seja aqui detectado.

Se a ideia era gravar um álbum ao nível de Core, a banda falhou estrondosamente; se a ideia era regressar em grande, o mesmo raciocínio se aplica; se a banda queria vender e criar um disco com melodias country e blues alegres e calmas, então aí Scott Weiland, Eric Ketz e os irmãos de Leo passam no exame com nota positiva. Há aqui demasiado “sol” e pouca “tempestade”, o que é pena.

5/10

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